Você já sentiu uma espécie de déjà vu em situações que se repetem na sua vida?
Por exemplo: aquela pessoa que, entra em namoro e sai de namoro, mas parece que namora sempre o mesmo alguém. Ou que sofre com conflitos com colegas de trabalho em todos os empregos. Os exemplos podem ser infinitos. O que há em comum a todos eles é a pessoa estar às voltas com diversas situações similares ao longo da sua vida, mesmo que sejam fonte de sofrimento.
É muito frequente a gente se ocupar de coisas que podem acabar se repetindo. E algumas delas podem trazer sofrimento, dúvida ou mal-estar.
No trabalho de psicoterapia de orientação psicanalítica, a gente lembra, recorda, rememora, retorna à origem dos nossos sintomas e aos nossos desejos esquecidos. Nós retornamos a tudo isso para poder inventar um outro futuro. Pois enquanto a gente não recorda, a gente repete.
E quanto mais a gente experimenta a nossa vida como uma repetição sem sentido (ou até mesmo como repleta de repetições que nos são impostas), mais estamos presas a uma espécie de presente que não passa, que não anda, que nos faz sentir que estamos paradas na vida. E podemos sentir isso devido a dificuldades nesse trabalho de, a partir do presente, ir ao passado e projetar um futuro.
Freud, o pai da psicanálise, resumiu esse trabalho em: recordar, repetir e elaborar. Elaborar tem a ver com um trabalho de atravessar a repetição, aquilo que se repete em nossas vidas. Enfim, como a gente reorganiza nossa vida a partir do nosso desejo. E, assim, a partir de um conjunto de inquietações, de insatisfações crônicas, de repetições e de sintomas, podemos reconstruir nossos modos de ler e de interpretar o mundo, os outros e nós mesmos.
10 de março de 2024